QUEM SOMOS
Na astronomia, as nebulosas são nuvens de poeira, hidrogênio, hélio e plasma. Originalmente, era o nome de qualquer corpo celeste difuso, incluindo galáxias além da Via Láctea. A maioria das nebulosas são de tamanho vasto, abrangendo tamanhos de até centenas de anos luz de diâmetro. Embora mais densas que o espaço que as acercam, a maioria das nebulosas são muito menos densas que qualquer vácuo criado em ambiente terrestre – uma nuvem nebular de tamanho da Terra pesaria apenas alguns quilogramas. Elas são muitas vezes regiões de
formações estrelares. Nessas regiões, a formação de gás, poeira e outros materiais amontoam-se parar formar massas maiores, nas quais atraem mais massas, e eventualmente se tornarão maciças o suficiente para se tornarem estrelas. Os materiais remanescentes são acreditados formarem planetas, e outros objetos de sistemas planetários [1].
Na psicanálise, Paul Bercherie [2], em seu texto “Géographie du champ psychanalytique”, fez um mapeamento do desenvolvimento psicanalítico, dividindo o pensamento pós-freudiano em quatro vertentes teórico-clínicas: a chamada Psicologia do Ego e a corrente kleiniana foram denominadas de psicanálise ortodoxa; a psicanálise lacaniana e um quarto grupo denominada Ferenczi e a nebulosa marginal (termo criado por Michael Balint), Bercherie denominou de psicanálise heterodoxa. A nebulosa marginal congrega as contribuições de Sandor Ferenzi e do Midle Group, Grupo do Meio ou Grupo Independente da Escola Inglesa de Psicanálise (coordenado por Donald W. Winnicott e Michael Balint). Para Paul Bercherie, este foi o resultado de uma análise conceitual e epistemológica, no qual reunia personalidades em função de afinidades que estão presentes em seu pensamento e em sua prática, sem que eles constituam, portanto, ‘vínculo social’”. Para os autores deste grupo, há uma revitalização do interesse pela percepção, da presença dos aspectos perceptivos na constituição da subjetividade e da intensidade do vínculo transferencial-contratransferencial.
Segundo Nelson Coelho Júnior [3] dentre as marcas da nebulosa marginal estão a preocupação em aprofundar a eficácia terapêutica da psicanálise e a busca por estender seu campo de atuação, resultado das contribuições do trabalho clínico de Sándor Ferenczi. Os analistas deste grupo procuraram garantir uma maior elasticidade da técnica psicanalítica, mesmo que isto implicasse em transgredir as regras da técnica clássica através da tentativa de fazer com que o analista se deixasse guiar pelo paciente, favorecendo o processo espontâneo que se estabelece no próprio trabalho terapêutico. Desse modo, a escuta do analista passa a ser menos neutra para ser mais participativa. A contratransferência já não é mais uma dimensão perigosa a ser domada, mas um valioso guia, o verdadeiro elemento condutor do processo terapêutico. A ênfase na dialética entre o plano intrassubjetivo e o inter-relacional é uma outra marca fundamental do grupo. A importância dada aos objetos na constituição da subjetividade implicará em uma concepção bastante transformada do papel real dos pais na vida psíquica e emocional da criança e do lugar do analista (agora, necessariamente mais “ativo”) no processo terapêutico.
Assim, o nome “Nebulosa Marginal” é oportuno, uma vez que é característica das nebulosas se reunirem para formarem novos astros, estrelas e planetas, ou seja, formarem novos sistemas; e marginal, refere-se à própria história da clínica psicanalítica, a partir do momento em que alguns autores foram considerados à margem da psicanálise clássica, como foi o Grupo Independente ou Grupo do Meio na Escola Inglesa de Psicanálise.
O Instituto Nebulosa Marginal surge do grupo formado em torno de psicanalistas os quais criaram o grupo “Nebulosa Marginal: Grupo de Estudo e Pesquisa e Psicanálise”, com vistas em congregar pessoas e estudar as contribuições dos autores da Escola Húngara e da Escola Inglesa de Psicanálise a partir do Grupo Independente ou Grupo do Meio da Sociedade Britânica de Psicanálise, interessados em desenvolver o pensamento de Sigmund Freud a partir da teoria das relações objetais. Contrários às discussões em torno da psicanálise clássica, do
primado das pulsões e da sexualidade adulta e infantil, mas ainda assim sem excluí-los, o Grupo do Meio emergiu como uma alternativa no cenário psicanalítico britânico dos anos 40, durante as famosas controvérsias entre Melanie Klein e Anna Freud [1], que se intitulavam herdeiras do pensamento psicanalítico clássico.
Fazem parte deste grupo, alunos de graduação, pós-graduação, além de professores e pesquisadores em psicanálise com mestrado, doutorado e pós-doutorado os quais tem desenvolvido seus estudos e pesquisas e apresentados seus resultados em encontros e congressos locais, regionais e nacionais, além da produção de artigos, dissertações, teses e monografias de graduação e especialização a partir dos autores considerados “marginais”. No entanto, não é objetivo primário desse grupo a pesquisa e a produção acadêmica. Portanto, também faz parte deste grupo, psicanalistas e psicanalistas em formação nas mais diversas sociedades e instituições de psicanálise.
Além das contribuições de Sigmund Freud, do qual não abrimos mão, e somada às contribuições de Karl Abraham, Otto Rank, Sabina Spielrein e Theodor Reik – contemporâneos de Freud, são autores de nosso interesse: Donald W. Winnicott, Melanie Klein, Anna Freud, Michael Balint, Ronald Fairbairn, Harry Guntrip, Massud Khan, Marion Milner, Christopher Bollas, Margaret Little, Wilfred Bion e Ella Freeman Sharp. Resolvemos incluir como um dos autores de nosso interesse o maior expoente da Escola Húngara de Psicanálise, Sándor Ferenczi, além de Nicolas Abraham e Maria Torok, outros grandes expoentes da Escola Húngara, por compreendermos suas contribuições no que se refere ao manejo teórico-clínico de pacientes difíceis e de sua postura contraria à psicanálise clássica. Além destes, temos especial interesse nas formulações teórico-clínicas de autores contemporâneos, a saber: André Green, René Roussillon, Piera-Aulagnier, Didier Anzieu, Elisabeth Roudinesco, na França; Jam Abram, na Inglaterra; Thomas H.
Ogden, nos Estados Unidos; Vicenzo Bonaminio e Stephan Bolognini e Giuseppe Civitarese, na Itália; e demais autores nacionais como Luis Cláudio Figueiredo, Nelson Coelho Júnior, Maria Rita Khel, Décio Gurfinkel, Jurandir Freire Costa, Benilton Bezerra, Marion Minerbo, Daniel Kuperman, Joel Birman, Luiz Alfredo Garcia-Roza, entre outros, que tem contribuído para o pensamento psicanalítico a partir de uma leitura seminal da produção teórica psicanalítica.
Assim, o Nebulosa Marginal: Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicanálise, criado em 01 de Julho de 2018, no Rio de Janeiro, passa a se chamar, a partir de Fevereiro de 2020, INSTITUTO NEBULOSA MARGINAL A partir da sua origem, é constituído por um grupo heterogêneo com pensamento independente de escolas ou instituições de psicanálise. Somos plurais. Trabalhamos a partir do que Luis Cláudio Figueiredo denominou de uma “Psicanálise Transmatricial”,
ou seja, a compreensão da psicanálise sem escolas e ou sem modelos teóricos rígidos, mas ao mesmo tempo complementares tanto na sua versão pulsional quanto na sua versão interrelacional. Nosso objetivo é oferecer cursos, grupos de estudos e supervisão clínica psicanalítica a todos aqueles que se interessam em conhecer a Psicanálise. A partir de janeiro de 2024 o Instituto Nebulosa passa a funcionar presencialmente na cidade de São Paulo, SP, localizado na Rua Frei Caneca, 1380, 1º andar, Consolação.
São Paulo, 20 de janeiro de 2024.
Sergio Gomes e Bruno Gomes – Diretores.
NOTAS:
[1] AS DEFINIÇÕES AQUI CONTIDAS PERTENCEM AO WIKIPEDIA. LINK: HTTPS://PT.WIKIPEDIA.ORG/WIKI/NEBULOSA,
ACESSO EM 28 DE JULHO DE 2018.
[2] BERCHERIE, P. GÉOGRAPHIE DU CHAMPS PSYCHANALYTIQUE. PARIS: NAVARIN, 1988.
[3] COELHO JR., N. USOS DA PERCEPÇÃO NA PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA. PERCURSO, 23(2), 1999.
[4] KING, P. & SEINER, R. AS CONTROVÉRSIAS FREUD-KLEIN (1941-45). RIO DE JANEIRO: IMAGO, 1998.