Supervisão Coletiva – Rio de Janeiro

Hoje em dia, a questão da raça é tema de polêmicas virulentas: enquanto o racismo é expresso de forma ostensiva, existe também uma resistência ao antirracismo, aos estudos interseccionais, pós-coloniais e decoloniais, e a experiência das pessoas racizadas é constantemente desacreditada. Porém, a raça não existe. No entanto, ela define as relações entre grupos e entre sujeitos, e tem efeitos sociais e psíquicos inegáveis. O que a psicanálise tem a ver com a discussão sobre raça? De que maneira o psicanalista pode, ou não, escutar o que é dito sobre racialidade a partir do seu fazer clínico? Pode o analisando se sentir seguro no setting para falar sobre aquilo que lhe atravessa no que diz respeito à racialidade? Quais são esses efeitos, mais frequentemente negados, sobre os sujeitos e seu inconsciente? Como abordar o impensado da raça, seu impacto subjetivo e suas consequências sobre a prática e a teorização da psicanálise? Como escutar a raça no divã? O sujeito que comparece à clínica psicanalítica está imerso em um contexto social. A realidade externa, o espaço social, fomenta a realidade interna do indivíduo. A prática e o pensar psicanalítico têm efeitos políticos uma vez que promove o deslocamento de naturalizações, a desconstrução de saberes predefinidos. O psicanalista questiona os determinismos impostos pelas relações sociais de poder. Ele próprio pode ser questionado em sua relação de poder junto ao paciente. Como essas relações são construídas e desconstruídas? Como acontece esse deslizamento dentro e fora do setting? Estas são apenas algumas das questões que nortearão este curso.